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Uma operação complicada, inédita e conseguida

"Uma operação logisticamente complicada, inédita e totalmente conseguida"


Na história das agências noticiosas em Portugal, não pode ser esquecida aquela que terá sido a maior operação de sempre em termos de formação. Com a criação da LUSA, em Janeiro de 1987, já fazendo eu parte da Direção de Informação, chegou-se à conclusão de que a rede de correspondentes nacionais estava envelhecida ou incompleta. Propus o lançamento de uma operação à escala nacional de recrutamento de estagiários de jornalismo, com vista a serem correspondentes da agência.

A ideia foi aprovada e fiquei encarregado de coordenar uma logística complicada. Foram colocados anúncios nos jornais, nacionais e regionais, foram enviadas circulares às escolas, através do Ministério da Educação, para sensibilizar potenciais interessados. Houve milhares de respostas.

Conseguiu-se que o Ministério da Educação abrisse uma escola por capital de distrito, num sábado ou num domingo, para que os candidatos pudessem prestar as provas de Cultura Geral nesses espaços.

Eu tinha acabado de comprar um carro e propus que fosse nele - mais rápido e seguro que as Renault 4L que a agência tinha - fazer o périplo pelas capitais de distrito do continente. Em um mês as provas estavam feitas e eu tinha feito uma volta a Portugal continental. Ao volante do meu Alfa Romeo 33 1.5 TI, participando nesta inédita operação, o Adelino Namorado dos Vultos, motorista da Agência, uma figura que marcou gerações de jornalistas com a sua peculiar forma de guiar, o seu humor, a sua boa vontade para resolver qualquer problema. Sozinho, desloquei-me depois ao Funchal e a Ponta Delgada, para supervisionar o mesmo tipo de provas.

Selecionados dois candidatos por distrito, avançámos para uma candidatura a um programa de Formação Profissional pelos fundos europeus. Esse programa foi aprovado. Tinha a direção pedagógica de Alberto Arons de Carvalho.

Era agora preciso garantir um espaço em Lisboa, para onde trazer os dois candidatos selecionados de cada um dos 20 distritos, onde o curso de jornalismo seria ministrado. Contactei o Secretário de Estado das Pescas da altura, que nos cedeu a Escola de Pescas de Pedrouços. E, assim, nas férias escolares dessa escola, no Verão de 1988, cerca de 40 jovens provenientes de todo o país iniciaram em regime de internato aulas ministradas por mim, por João e Luís Pinheiro de Almeida, Luís Marinho e Mário Moura (os elementos da Direção de Informação chefiada por Oliveira e Silva), com elementos de fora da agência, como Edite Estrela e o já referido Arons de Carvalho.

O curso, que produziu um jornal, Pedroços 88, foi um êxito. Dos formandos desse Pedrouços, a maioria entrou para a rede de correspondentes da agência, muitos deles estão ainda hoje nos seus quadros ou singraram para outros órgãos de comunicação social.


Fernando Correia de Oliveira

Diretor-Adjunto de Informação à data da ação de formação


Turma de Pedrouços 1988
Grupo de formandos do curso "Pedrouços 1988"